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Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim   (TOM JOBIM)

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     Mais conhecido pelo seu nome artístico Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista Rolling Stone e um dos criadores e principais forças do movimento da bossa nova.

     Nascido no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro (na época Distrito Federal) no dia 25 de janeiro de 1927, Tom mudou-se com a família no ano seguinte para Ipanema, onde foi criado. A ausência do pai, Jorge de Oliveira Jobim, durante a infância e adolescência lhe impôs um contido ressentimento, desenvolvendo no maestro uma profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas. Aprendeu a tocar violão e piano em aulas, entre outros, com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.

O trisavô paterno do compositor, José Martins da Cruz Jobim, era natural de Jovim, Gondomar, Portugal. O sobrenome de Jobim alude a essa localidade. A bisavó do compositor, Maria Joaquina, era meia-irmã do barão de Cambaí, Antônio Martins da Cruz Jobim. Era descendente, também, do bandeirante Fernão Dias Pais.

     No dia 15 de outubro de 1949, Antônio Carlos Jobim casou-se com Thereza de Otero Hermanny (1930), com quem teve dois filhos, Paulo (1950) e Elizabeth (1957).

     Em 1976, Tom conheceu a fotógrafa Ana Beatriz Lontra, então com 19 anos, mesma idade de sua filha Elizabeth. Em 30 de abril de 1986, eles se casaram. Tom e sua segunda esposa tiveram dois filhos juntos, João Francisco (1979-1998) e Maria Luiza (1987).

     Pensou em trabalhar como arquiteto, chegando a cursar o primeiro ano da faculdade e até a se empregar em um escritório, mas logo desistiu e decidiu ser pianista.      Tocava em bares e boates em Copacabana, como no Beco das Garrafas no início dos anos 1950, até que em 1952 foi contratado como arranjador pela gravadora Continental, onde trabalhou com Sávio Silveira. Além dos arranjos, também tinha a função de transcrever para a pauta as melodias de compositores que não dominavam a escrita musical. Datam dessa época as primeiras composições, sendo a primeira gravada “Incerteza”, uma parceria com Newton Mendonça, na voz de Mauricy Moura.

     Depois da Continental, foi para a Odeon. Entretanto, não tinha tanto tempo para se dedicar à composição, que lhe interessava mais. É nessa época que compôs alguns sambas, em parceria de Billy Blanco: “Tereza da Praia”, gravada por Lúcio Alves e Dick Farney pela Continental (1954), “Solidão” e a “Sinfonia do Rio de Janeiro”. ”Tereza da Praia” foi o primeiro sucesso. Depois disso, ocorreram outras parcerias, como com a cantora e compositora Dolores Duran, na canção “Se é por Falta de Adeus”.

     No ano de 1953, as canções “Faz uma Semana” e “Pensando em Você” foram gravadas por Ernani Filho. Ainda nos anos 50, com Vinicius de Moraes, Tom Jobim produziu as canções para a peça “Orfeu da Conceição” e, posteriormente, para o filme “Orfeu do Carnaval” ou “Orfeu Negro”, dirigido por Marcel Camus, ao lado de Luiz Bonfá e Antônio Maria.

     Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica “Se Todos Fossem Iguais a Você”, gravada diversas vezes. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da bossa nova. O LPCanção do Amor Demais” (1958), em parceria com Vinícius e interpretação de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, “Canção do Amor Demais”, “Chega de Saudade” e “Eu Não Existo sem Você”. A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o 78 rotações “Chega de Saudade”, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direção musical de Tom, que selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente. No mesmo ano foi a vez de Sílvia Telles gravar “Amor de Gente Moça”, um disco com doze canções de Tom, entre elas “Só em Teus Braços”, “Dindi” (com Aloysio de Oliveira) e “A Felicidade” (com Vinícius).

     Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York, em 1962. No ano seguinte compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no exterior: “Garota de Ipanema”. Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de “clássicos” produzidos por Tom é impressionante: “Samba do Avião”, “Só Danço Samba” (com Vinícius), “Ela é Carioca” (com Vinícius), “O Morro Não Tem Vez”, “Inútil Paisagem” (com Aloysio), “Vivo Sonhando”. Nos Estados Unidos gravou discos (o primeiro individual foi “The Composer of Desafinado, Plays”, de 1965), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a Corcovado Music. Em 1964, competindo com os Beatles, os Rolling Stones e Elvis Presley, Tom Jobim ganhou o Grammy de Música do Ano com a "Garota de Ipanema".

     O sucesso fora do Brasil o fez voltar aos EUA em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O disco “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim”, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom (The Girl From Ipanema, How Insensitive, Dindi, Quiet Night of Quiet Stars) e composições americanas, como “I Concentrate On You”, de Cole Porter. No fim dos anos 1960, depois de lançar o disco Wave (com a faixa-título, “Triste”, “Lamento”, entre outras instrumentais), participou de festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção (Rede Globo), com ”Sabiá”, em parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. “Sabiá” conquistou o júri, mas não todo o público, que em grande parte preferia que a vencedora fosse "Pra não Dizer que não Falei das Flores" (ou, como ficou mais conhecida popularmente, "Caminhando"), composta e interpretada por Geraldo Vandré, por seu conteúdo de confrontação à ditadura política por que passava o país. Assim, uma grande parte do público vaiou ostensivamente tanto a divulgação do resultado quanto toda a interpretação da vencedora, para constrangimento de seus compositores.

     Em 1987, lançou “Passarim”, obra de um compositor já consagrado, que pode desenvolver seu trabalho sem qualquer receio, acompanhado por uma banda grande, a Banda Nova. Além da faixa-título, “Gabriela”, “Luiza”, “Chansong”, “Borzeguim” e “Anos Dourados” (com Chico Buarque) são os destaques. Em 1992 foi enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Seu último álbum, “Antônio Brasileiro”, foi lançado em 1994, pouco antes da sua morte, em dezembro, de parada cardíaca, quando estava se recuperando de um câncer de bexiga no Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque.

     O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi renomeado Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim junto ao Congresso Nacional por uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Cândido, Antônio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.

     Grandes nomes da música internacional tocaram e cantaram as músicas de Tom Jobim, como Stan Getz, Dizzy Gillespie, Ella Fitzgerald, Count Basie, Oscar Peterson, Sarah Vaughan, além de Frank Sinatra, a Voz do Século XX, simbolizando a consagração internacional de sua produção musical. Essa admiração fez com que Tom Jobim fosse chamado por músicos do jazz de “o George Gershwin do Brasil”, uma grande honraria.

     Com a obra de Antônio Carlos Jobim, a música brasileira experimentou uma projeção internacional inédita, rigorosamente sem precedente e definitiva. Até o movimento da Bossa Nova, a presença brasileira, ainda que marcada pela excelência, como nas obras de Ary Barroso, Dorival Caymmi, Zequinha de Abreu e Waldir Azevedo, era eventual; com Jobim, contudo, ela se tornou permanente, estrutural e influenciou a produção posterior.

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