Simonton Rios
Adoniran Barbosa
Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato (Valinhos, 6 de agosto de 1912 – São Paulo, 23 de novembro de 1982), foi um compositor, cantor, comediante e ator brasileiro.
Rubinato representava em programas de rádio diversas personagens, entre as quais, Adoniran Barbosa, que acabou por se confundir com seu criador dada a sua grande popularidade. Adoniran ficou conhecido nacionalmente como o pai do samba feito em São Paulo.
Adoniran era filho de Francesco "Fernando" Rubinato e Emma Ricchini, imigrantes italianos da comuna de Cavarzere, província de Veneza. Seus avós paternos eram Angelo Rubinato e Anna Manfrinato, e os maternos, Francesco Ricchini e Antonia Freddo. Seus pais casaram-se em Cavarzere em 23 de maio de 1895, desembarcaram em Santos em 15 de setembro de 1895, passaram pela Hospedaria dos Imigrantes e foram trabalhar nas lavouras do município de Tietê. Sua mãe morreu em 1939 e seu pai em 1943.
João Rubinato nasceu em 6 de agosto de 1910 em Valinhos, localidade que foi distrito do município de Campinas até 1953. Numa entrevista em 1972 ao programa Ensaio Especial da TV Cultura, Adoniran disse que na verdade nascera em 1912, mas sua família teria adulterado os documentos para 1910, para que começasse a trabalhar mais cedo, pois a fábrica em que iria trabalhar não admitia quem tivesse menos de doze anos.
Abandonou a escola cedo, pois não gostava de estudar. Necessitava trabalhar para ajudar a família numerosa – Adoniran tinha sete irmãos. Procurando resolver seus problemas financeiros, os Rubinato viviam mudando de cidade. Moraram primeiro em Valinhos (então distrito de Campinas), depois Jundiaí, Santo André e finalmente São Paulo.
Em Jundiaí, Adoniran exerce seu primeiro ofício: entregador de marmitas. Aos doze anos andava pelas ruas da cidade e surrupiava alguns bolinhos pelo caminho. "A matemática da vida lhe dá o que a escola deixou de ensinar: uma lógica irrefutável. Se havia fome e, na marmita oito bolinhos, dois lhe saciariam a fome e seis a dos clientes; se quatro, um a três; se dois, um a um”.
O compositor e cantor tem um longo aprendizado, num arco que vai do marmiteiro às frustrações causadas pela rejeição de seu talento. Quer ser artista – escolhe a carreira de ator. Procura de várias maneiras fazer seu sonho acontecer. Tenta, antes do advento do rádio, o palco, mas é sempre rejeitado. Sem padrinhos e sem instrução adequada, o ingresso nos teatros como ator lhe é para sempre abortado. O samba, no início da carreira, tem para si caráter acidental. Escolado pela vida, sabia que o estrelato e o bom sucesso econômico só seriam alcançados na veiculação de seu nome na caixa de ressonância popular que era o rádio.
O magistral período das rádios, também no Brasil, criou diversas modas, mexeu com os costumes, inventou a participação popular – no mais das vezes, dirigida e didática. Têm elas um poder e extensão pouco comuns para um país que na época era rural. Inventam a cidade, popularizam o emprego industrial e acendem os desejos de migração interna e de fama. Enfim, no país dos bacharéis, médicos e párocos de aldeia, a ascensão social busca outros caminhos e pode-se já sonhar com a meteórica carreira de sucesso que as rádios produzem. Três caminhos podem ser trilhados: o de ator, o de cantor ou o de locutor.
O seu primeiro sucesso como compositor vira canção muito conhecida nas rodas de samba, das casas de espetáculo: "Trem das Onze". É bem possível que todo brasileiro conheça, senão a canção inteira, ao menos o estribilho, que se torna intemporal. Adoniran alcança, então, o almejado sucesso que, entretanto, dura pouco e não lhe rende mais que uns minguados trocados de direitos autorais. A canção, que já havia sido gravada pelo autor em 1951 e não fizera sucesso ainda, é regravada novamente pelos “Demônios da Garoa”, conjunto musical de São Paulo (esta cidade é conhecida como a terra da garoa, da neblina, daí o nome do grupo). Embora o conjunto seja paulista, a canção acontece primeiramente no Rio de Janeiro, com sucesso retumbante.
Casou-se em 8 de dezembro de 1936 com Olga Krum, com quem teve sua única filha, Maria Helena Rubinato, nascida em 23 de setembro de 1937. João e Olga desquitaram-se judicialmente em 1943 e a filha ficou aos cuidados da irmã de João, Ainez Rubinato Salgado (1909-1992). Após o desquite, viveu maritalmente com Matilde De Lutiis, que o acompanhou até a morte, mas nunca tiveram filhos.
Adoniran Barbosa morreu em 23 de novembro de 1982, aos 70 anos, durante uma internação para tratamento de um enfisema pulmonar. Deixou sua companheira de mais de quarenta anos, Matilde de Lutiis, tendo sido sepultado no Cemitério da Paz, conforme o desejo de Adoniran.