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Música Renascentista

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O período da Renascença se caracteriza pelo enorme interesse devotado ao saber e à cultura. Foi também uma idade de grandes descobertas e explorações. Os compositores passaram a ter um interesse muito vivo pela música profana e em escrever peças para instrumentos, já não mais usados somente com a finalidade de acompanhar vozes. No entanto, os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos para a Igreja, num estilo descrito como "polifonia coral". A cappella, era música essencialmente coral, cantada sem o acompanhamento de instrumentos. Começaram a explorar os registros abaixo do tenor, escrevendo a parte que agora chamamos de "baixo". Em vez de um cantochão servindo de base melódica, os compositores passaram a usar canções populares.
Uma das diferenças mais marcantes entre os estilos medieval e renascentista é a tessitura musical, o músico da Idade Média procura um jogo de contrastes construindo sua trama com fios distintos, dispostos um contra o outro, o renascentista visa um tipo de tecido com os fios todos combinados. Ele trabalha a peça gradativamente, atendendo a todas as partes vocais ao mesmo tempo. O elemento-chave nesse tipo de tessitura é chamado imitação, a introdução de um trecho melódico que será repetido ou copiado por outra voz.
A harmonia começava a ganhar corpo. A polifonia coral vai atingir o máximo de sua beleza e expressividade durante a segunda metade do século XVI, na música de Palestrina (Itália), Byrd (Inglaterra) e Victoria (Espanha).
Josquin des Prez era referido pelos seus contemporâneos como o "Príncipe dos Compositores".
Na Alemanha do século XVI, em que a Igreja Protestante, liderada por Martinho Lutero, procurava encontrar caminhos que levassem as pessoas a um contato mais direto com Deus, acabou se desenvolvendo a tradição de compor hinos para serem cantados em alemão por toda a congregação.
Um dos mais conhecidos, Intitulado "Nosso Deus ainda é uma cidadela segura" (Castelo Forte), provavelmente é de autoria do próprio Lutero e ainda hoje é cantado nas Igrejas Protestantes.
Paralelamente ao desenvolvimento da música sacra renascentista, houve o rico florescimento das canções populares. Dentre as várias modalidades de canções, incluem-se a frótola e o madrigal italianos, o Lied alemão, o villancico espanhol e a canção francesa.
Madrigais Elisabetanos
Em 1588, uma série de madrigais italianos, com versos em inglês, foi publicada na Inglaterra.
Em geral, eram composições com um solista para cada voz. Chegou a haver três tipos de madrigal na Inglaterra: o madrigal tradicional, o balé e o ayre. Um madrigal tradicional caracteriza-se por possuir música composta para cada linha do texto, é uma composição muito contrapontística, fazendo amplo uso da imitação. um dos maiores compositores de madrigais elisabetanos foi Thomas Weelkes.

O Ballet
Era às vezes, ao mesmo tempo, dançado e cantado. Seu estilo apresenta um ritmo bem acentuado, como de dança, e a tessitura é principalmente trabalhada com acordes. Enquanto o madrigal tradicional era composto de alto a baixo, o ballett é estrófico - dois ou mais versos ajustados à mesma música. Sua característica principal é o refrão que aparece ao fim de cada parte.
As partituras das ayres (ou canções) eram impressas ocupando duas páginas froneiras de um livro a melodia ficava na página esquerda e as partes dos registros baixos, na direita. Sob a melodia, ficavam os versos e também um arranjo para alaúde das partes mais baixas. O ayre podia ser executado de várias maneiras. Seu maior compositor era John Dowland.

Música Sacra na Inglaterra
Os compositores elisabetanos também escreveram hinos para serem cantados por coros durante os cultos nas igrejas protestantes. O hino é a contrapartida do moteto, mas cantado em inglês, não em latim.
Há duas espécies de hinos: um, chamado full anthem (hino completo), é cantado pelo coro do princípio
ao fim, sem acompanhamento instrumental. O outro, chamado verse anthem (hino em versos), é executado
com acompanhamento de órgãos ou violas, e com um ou mais solistas que alternam suas vozes com as do coro.
POLICORAIS - músicas para mais de um coro. Os efeitos obtidos eram ricos e muito poderosos, quando se combinavam todas as forças. Os compositores de Veneza gostavam muito de empregar instrumentos
ao lado de vozes na música sacra. Algumas das peças policorais mais impressionantes são as de
Giovanni Gabrieli. A tessitura dessa música policoral é um misto do estilo homofônico com contraponto
imitativo.

Música Instrumental
Durante o século XVI, os compositores passaram a ter cada vez mais interesse em escrever músicas para instrumentos - não apenas danças, mas peças destinadas a serem simplesmente tocadas e
ouvidas. Os instrumentos se dividiam em dois grandes grupos: os instrumentos bas ("baixo" ou "suave"),
destinados à música doméstica, e os haut ("alto"), para serem tocados em igrejas, grandes salões ou a céu aberto. Alguns poucos pertenciam às duas categorias. Certos instrumentos, como as charamelas, as flautas, e alguns tipos de cornetos medievais, continuavam populares; outros foram modificados e aperfeiçoados; e muitos foram inventados: Alaúde, Violas, Cromorne, Cervelato, Sacabuxa, Trompete e Instrumentos de percussão.
Os elisabetanos designavam um grupo de instrumentos tocando em conjunto por consort (palavra de significado semelhante a "concerto"). Quando os instrumentos eram da mesma família, tinha-se um whole (inteiro) consort, e quando eram de famílias diferentes, um broken (quebrado) consort, já que a uniformidade dos sons fora "quebrada". Os italianos tinham preferência pela canzona da sonar (canção para instrumentos). Outro tipo de peça que tomou o seu estilo da música vocal foi o ricercar. Essa palavra italiana significa "procurar", "descobrir" - neste caso as possibilidades de tratar idéias melódicas usando amplamente a imitação, em estilo semelhante ao do moteto. Mais genuinamente instrumetal em estilo era a tocata para órgão ou cravo. A palavra deriva do verbo tocar, e essa é uma forma de música que exige bastante habilidade com os dedos. Havia variações sobre melodias populares, melodia repetida continuamente no baixo, com os elementos musicais variando na parte de cima. Um virginal, o mais popular dos instrumentos de teclado, era uma forma simplificada do cravo.
FANTASIA - tratava-se de peças marcadamente contrapontísticas, com grande dose de imitação entre as
partes. Uma forma especial de fantasia era o In nomine.


ROY BENNETT - Jorge Zahar Editor

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