Simonton Rios
Música Gospel
Do inglês gospel (derivada do inglês antigo "God-spell" que significa good tidings, ou good news, em português, "boas novas," aludindo ao Evangelho bíblico que nos narra as "boas novas ao mundo" — ou seja, a vinda de Cristo ao Mundo, pelos livros dos Evangelhos Canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João); em português, "evangelho"; é um gênero musical composto e produzido para expressar a crença, individual ou comunitária, cristã.
Como outros gêneros de música cristã, a criação, a performance, a influência e até mesmo a definição de música gospel varia de acordo com a cultura e o contexto social. A música gospel é escrita e executada por muitos motivos, desde o prazer estético, com motivo religioso ou até cerimonial, ou como um produto de entretenimento para o mercado comercial. No entanto, um tema de música gospel é louvor, adoração ou graças a Deus, Cristo ou o Espírito Santo.
Ainda que o termo, "Música Gospel", possa abranger um campo da Música muito vasto, seus estilos, embora com nomes variados, possuem todos uma mesma essência e raiz — a música cristã negra nos Estados Unidos da América. Talvez um dos velhos estilos da música negra que realmente se aproximou do Gospel, foi o Negro Spirituals (em português, as canções harmoniosas dos "Espirituais dos Negros").
O foco desta breve história é a música que fluiu da igreja Afro-americana e inspirou uma cornucópia de corais modernos, artistas do mercado Rhythm & Blues, e o atual Gospel contemporâneo (Música Cristã Contemporânea), além de outros estilos musicais do gênero.
Alimentado pela gigantesca indústria multi-bilionária de gravação musical nos Estados Unidos, o "pequeno infante" da música Gospel pulou do seu berço humilde e cristão e atravessou as muralhas da igreja para um mercado bem diferente do mundo atual. E, o Gospel continua a crescer. De acordo com a revista Norte-americana, Gospel Today, dentre 2003 e 2008, sete gravadoras criaram divisões especiais somente para lidar com artistas Gospel; as estatísticas da mesma publicação indicaram que os selos independentes cresceram 50%, e o rendimento das vendas só de música Gospel chegou a triplicar nas últimas décadas, de US$180 milhões de dólares em 1980 a US$500 milhões em 1990.
Thomas A. Dorsey (1899-1993), compositor de sucesso tipo There Will Be Peace in the Valley, é considerado por muitos, O Pai da Música Gospel. No início de sua carreira ele era um importante pianista de Blues, conhecido aliás por Georgia Tom. Ele começou a escrever Gospel depois que ouviu Charles A. Tindley (1851-1933) numa convenção de músicos na Filadélfia, e depois, abandonando as letras mais agressivas de outras canções, não abandonou, contudo, o ritmo de Jazz tão parecido com o de Tindley. A Igreja inicialmente não gostou do estilo de Dorsey e não achou apropriado para o santuário, na época. Em 1994, após o seu falecimento, uma revista Norte-americana publicou um artigo com o título: The Father of Gospel Music (em português, "O Pai da Música Gospel"); neste artigo a revista declara que quando Dorsey percebeu, no início de sua carreira com o Gospel, que muita gente estava brigando contra a música Gospel, ele estava "determinado para carregar a bandeira" a favor do Gospel, bem entendido. Assim ele fez. Ele investiu em 500 cópias da canção dele, If you See My Saviour (em português, "Se Você Ver o meu Salvador") e enviou para diversas igrejas do país. Levou quase três anos para ele conseguir mais pedidos da música e ele quase retornou a tocar o Blues. Mas Dorsey não desistiu e com ajudas de outros bons músicos ele foi em frente. Trabalhou com as cantoras, Sallie Martin (1895-1988) e Willie Mae Ford Smith (1904-1994), escreveu centenas de músicas Gospel e testemunhou a sua música subir no púlpito das igrejas—aonde, uma vez, recusaram ela de subir! Dorsey fundou a Convenção Nacional de Corais Gospel nos Estados Unidos, em 1932, uma organização que ainda existe até hoje na origem da música gospel.
Muitos outros novos nomes apareceram. talvez fossem "prisioneiros de uma velha corrente, mas agora estavam salvos" prontos para alimentar a nova corrente do Gospel, como Mahalia Jackson, Clara Ward e James Cleveland.
Mahalia Jackson (1911-1972) foi convidada para cantar no televisionado Ed Sullivan Show, minutos antes do eternizado discurso pró-liberdade negra de Martin Luther King, que ele disse as palavras certas na hora certa: I have a dream (em Português, "Eu tenho um sonho"). Mahalia acabou sendo a convidada para cantar durante a cerimônia do funeral do Rev. King; talvez, como num toque de mágica, ela escolheu uma canção de Dorsey: Take My Hand, Precious Lord (em Português, "Segure a minha mão, Amado Pai").
Clara Ward (1924-1973) junto ao The Ward Singers, foi uma artista com presença e substância. Sua canção Surely God is Able foi comentada como o primeiro disco de platina após a Segunda Guerra Mundial. Mas esta informação não pode ser confirmada pois a RIAA mantém que Edwin Hawkins Singers foi o primeiro vencedor do disco de ouro com um Gospel, em 1968, com o famoso sucesso, Oh, Happy Day, desde que a RIAA começou a manter as estatísticas nas vendas dos discos, mas Ward influenciou muitos artistas com seu estilo, incluindo nomes como Little Richard e Aretha Franklin, que mantém que Ward era seu ídolo.
James Cleveland (1932-1991): se Dorsey foi aclamado, por muitos da indústrias e seus seguidores, como o pai da música Gospel, o cantor Cleveland foi coroado, pelos seus admiradores, "The King of Gospel" (em Português, "O Rei do Gospel"). Ele recebeu nada menos do que quatro GRAMMYs, incluindo um póstumos pelo seu álbum Having Church. Assim como Clara Ward, James Cleveland tinha muita presença com sua audiência. Ele não teve uma reputação de ter uma boa voz, mas ele conseguia agradar a todos que o ouvia. O seu grande feito foi fundar sua organização, em 1967, Gospel Music Workshop of America, considerada a maior convenção de Gospel do mundo, hoje, com mais de 185 escritórios de representações distribuídos pelos Estados Unidos.
O Gospel Moderno em sua forma original era geralmente interpretado por um solista, acompanhado de um coro e um pequeno conjunto instrumental. Grandes intérpretes da música norte-americana começaram assim, como cantores de Gospel nas igrejas. É o caso de Mahalia Jackson, Bessie Smith e Aretha Franklin, além de Ray Charles e Solomon Burke. O Gospel foi também se influenciando, assumindo formas às vezes surpreendentes em se tratando de música religiosa. É o caso dos quartetos Gospel, surgidos após a Segunda Guerra Mundial, com suas músicas gritadas, com danças e roupas extravagantes. Deste estilo foram influenciados grupos e cantores rock dos anos 1950, desde "Bill Haley e seus Cometas", passando por Jerry Lee Lewis, até Elvis Presley nos anos da década de 1960.
Desde as décadas de 80 e 90 tiveram grande importância os corais e solistas, com destaque para Kirk Franklin e Fred Hammond.
Sem dúvida Elvis Presley foi um dos maiores divulgadores desse gênero musical durante todo o século 20. Elvis adorava esse tipo de música, inclusive, tanto quanto rock, blues, R&B, country e música erudita.
Desde a década de 1950 ele já incorporava em seus álbuns e canções algumas influências desse gênero tipicamente americano. Como exemplo podemos citar, o acompanhamento vocal do grupo gospel "The Jordanaires", logo depois, no final da década de 1960 até o começo da década de 1970, vieram os "The Imperials" e durante a mesma década os "The Stamps", com a participação de J. D. Sumner e até mesmo um grupo vocal feminino de nome "Sweet Inspirations" e de outra cantora chamada "Kathy Westmoreland".
Elvis lançou quatro álbuns gospel: Peace In The Valley em 1957, His Hand in Mine em 1960, How Great Thou Art em 1967, considerado um dos "divisores de águas" em sua carreira e He Touched Me em 1972. Para se ter a real noção do que Elvis representou para o gospel americano, ele ganhou três GRAMMYs por suas interpretações gospel, em 1967, 1972 e 1974. Já em 2001 ele entrou para o "Hall da fama" do gospel, deixando para sempre marcado o seu nome nesse gênero musical americano tão importante e influente.
Entre os seus sucessos gospel estão, "Peace in the Valley", "Crying in the Chapel", sucesso mundial em 1965, "How Great Thou Art" entre outras. Muitos o consideram um dos maiores intérpretes desse gênero tipicamente sulista nos Estados Unidos.
A música gospel tornou-se popular também no Brasil com artistas como Aline Barros, Kléber Lucas, Adhemar de Campos, Cassiane, Daniel Souza, Lázaro, Valter Júnior, Fernanda Brum, Toque no altar, Regis Danese, Oficina G3, Katsbarnea, Jó42, Resgate, Livre Arbítrio, Kadoshi, Virtud, Rodolfo Abrantes, Raizes, Catedral, Rebanhão, Diante do Trono, ministério CLÃ, Louvores Eternos e muitos outros.
Há louvores inesquecíveis como "A Graça de Cristo" de Jayro Gonçalves no Grupo LOGOS, "Ao Sentir" também de Jayro Gonçalves no Grupo ELO, "Alto Preço" de Asaph Borba, "Aquele que está feliz" do pastor Marcus Vinícius, "Autor da minha fé" de Paulo Cesar, "Caiam por terra agora" de Wilson Santos, "Calmo, sereno e tranquilo" de Ivan Borges, "Caminhos" do Grupo LOGOS, "Cego de Jericó" com o ministério MILAD, "Deus chama todos" também de Wilson Santos, "Deus tem um plano" do grupo SOM MAIOR, "Doce espírito" de Marcos Goes, "Então se verá" do grupo VENCEDORES POR CRISTO, "Espírito de Deus" de Alda Celia e Bené Gomes, "Espírito, enche a minha vida" de Ana Santos e Willen Soares, "Está chegando o dia" de Wilson Santos, "Estrela da manhã" com a banda RARA, "Eu quero é Deus" com a Comunidade de Nilópolis, "Fonte de Água Viva" de Adhemar de Campos, "Glória a Ti, Senhor" de Paulo Cesar, "Glória para sempre" de André Torres, "Há momentos" de Silas Furtado e Ted, "Jerusalém" de Sérgio Pimenta, "Jesus Cristo mudou o meu viver" com o grupo SOM MAIOR, "Jesus prevaleceu" de Daniel Souza, "Jesus provou" de Jayro Gonçalves, "Leão de Judá prevaleceu" de Silvério Peres, "Maior é Jesus" de Ludmila Ferber e Bené Gomes, "Manso e Suave" de Will Lamartine Thompson, "Mão no arado" de Adauto José, "Maravilhoso" de Ludmila Ferber e Bené Gomes, "Meu coração" de Wladimir Araújo, "Minh'alma engrandece" de Asaph Borba, "Na casa de meu Pai" de Marcus Vinícius, "Não estejais ansiosos" de Guilherme Kerr e Sérgio Pimenta, "Não há Deus maior" de Marcus Vinícius, "Não tenhas sobre ti" de Jefferson França e Josué Rodrigues, "Não vou calar meus lábios" de Marcos Góes, "Nova criação" de Adhemar de Campos, "Oferta de amor" de Willen Soares, "Pai de amor" do grupo VENCEDORES POR CRISTO, "Povo livre" de Asaph Borba, "Situações" de Paulo Cesar, "Te exaltamos" de Geraldo Alcantara, "Um só rebanho" do grupo ELO, "Você pode ter" de Sérgio Pimenta, dentre muitos outros.