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Música do Século XX

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A música no século XX levou a uma série de novas e fascinantes tendências, técnicas e à criação de novos sons. À medida que aparece uma nova tendência, um novo rótulo surge, a maioria desses rótulos compartilha uma coisa em comum - todos representam uma reação consciente contra o estilo romântico do século XIX. Certos críticos descrevem essa música como "anti-romântica". Nem todos os compositores do século XX usaram técnicas radicais. Se investigarmos melhor quatro dos mais importantes componentes da música, encontraremos uma série de características ou marcas de estilo que permitem definir uma peça como sendo do século XX, como: as melodias, as harmonias, os ritmos e os timbres.
MELODIAS - Freqüêntemente fazendo uso de intervalos cromáticos e dissonantes. Em algumas peças, a melodia pode ser totalmente inexistente.
HARMONIAS - Apresentam dissonâncias radicais.
RITMOS - Vigorosos e dinâmicos, métricas inusitadas.
TIMBRE - Inclui sons estranhos, intrigantes e exóticos. Sons inteiramente novos, provenientes de aparelhagens eletrônicos e fitas magnéticas.
Impressionismo
O compositor e regente francês Pierre Boulez já sugeriu que "a música moderna começa com "L'Après-Midi d'un Faune", de Debussy. A intenção de Debussy era afastar-se do pesado estilo romântico alemão. Debussy trabalha com harmonias e timbres instrumentais.
Usava os sons por seu efeito expressivo e era mais confiante em seu instinto musical do que obediente às regras da harmonia, de modo que os acordes dissonantes se fundem em outros, formando "cadeias de acordes" em movimentos paralelos.
O Nacionalismo no Século XX
A corrente nacionalista, iniciada durante a segunda metade do século anterior, penetrou no século XX. Nos Estados Unidos, Charles Ives, em suas composições, fez uso de canções folclóricas, músicas de dança, marchas e até mesmo hinos; e Aaron Copland, em seus balés "Rodeo" e "Billy the Kid", incluiu canções de cowboys.
Influências Jazzísticas
Grande vitalidade nos ritmos, fortemente sincopados; melodias sincopads sobre ritmo constante; a bemolização de certas notas da escala, como a terceira e a sétima; efeitos de surdina; maior interesse pelos sons de percussão; e instrumentos tocados em registros estridentes. Quando falamos de tonalidade de uma peça, referimo-nos ao seu tom. Certos compositores do século XX introduziram a técnica da politonalidade - passaram a utilizar dois ou mais tons ao mesmo tempo; encontrados nos balés "Petruchka" e "A Sagração da Primavera", de Stravinsky; no "Bolero" de Maurice Ravel, onde três tons (dó, mi, sol) são envolvidos simultaneamente na terceira entrada de seu famoso tema. Atonalidade significa a ausência total de tonalidade. A música atonal evita qualquer tonalidade ou modo, fazendo livre uso de todas as doze notas da escala cromática. A atonalidade foi a consequência lógica de uma tendência iniciada no período romântico. A atonalidade tornou-se a essência do estilo dos compositores expressionistas.
Expressionismo
Começou como um exagero, uma distorção do romantismo tardio, em que os compositores passaram
a despejar na música toda a carga de suas emoções mais intensas e profundas. Muito curtas e
extremamente concentradas, todos os instrumentos são tratados como solistas, quase sempre tocando notas isoladas, raramente mais que três ou quatro ao mesmo tempo; é um tecido sonoro que consiste em timbres instrumentais dardejando diminutas fagulhas luminosas. Essa técnica foi comparada com a dos pintores pontilhistas ("Pontilhismo").
Serialismo ou Dodecafonismo
Tendo abandonado o sistema maior-menor em favor da música atonal, chegou à conclusão de que era necessário
formular outro princípio para substituir o da tonalidade. A solução encontrada foi o que chamau sistema
dodecafônico ou serialismo. Na composição de uma peça dodecafônica, o compositor ordena, inicialmente,
todas as doze notas da escala cromática, segundo uma ordem de sua própria escolha. Forma então uma
sequência de notas, a série fundamental em que vai basear toda a composição. O mais radial no emprego do
serialismo foi Webern.
Neoclassicismo
É caracterizado por forte reação do romantismo tardio. Alguns compositores buscaram inspiração no período
clássico propriamente dito. Outros voltaram até o barroco.
Novos Sons, Novos Materiais
Muitos compositores, como: Olivier Messiaen, compositor francês, tem usado em suas músicas ritmos hindus
e padrões métricos da poesia clássica grega. Outro material a exercer grande fascínio sobre Messiaen é o
canto dos pássaros, uma série de treze peças para piano, baseados em cantos dos pássaros da França. John Cage
criou novos sons "preparando" o piano: nozes, correntes, parafusos, pedaços de borracha e de plástico eram inseridos sobre e sob certas cordas desse instrumento. Isso afetava tanto o timbre como a afinação das notas, produzindo sonoridades profusamente variadas. Diversos outros compositores fizeram experiências semelhantes no intuito de produzirem novas sonoridades. O compositor francês Pierre Schaeffer começou a fazer experiências com o que chamou de musique concrète - música composta de forma "concreta", diretamente sobre fitas magnéticas, sem a abstração da simbologia musical. Esse material era transferido para outra fita, em que os sons eram misturados, superpostos e modificados de diversas maneiras. Pode-se modificar a altura do som alterando-se a rotação da fita ou tocá-la no sentido inverso.
Música Eletrônica

Originou-se na Alemanha. Inclui todos os sons registrados por microfones e também aqueles produzidos por geradores eletrônicos de sons. Os sons produzidos podem tanto ser "puros" como "impuros", dependendo da
vontade do compositor. Outro tipo de sonoridade é o "som branco" - um ruído parecido com uma rajada,
obtido pela soma de todas as freqüências audíveis. Os sons podem ser eletronicamente modificados de várias
maneiras, incluindo-se o ajustamento de volume, a filtragem, a adição de vibratos, reverberações, ecos. Os
sons podem ser mixados juntos, sobrepostos, ou divididos em fragmentos distintos. Podem ser gravados em diferentes pedaços após o final, de modo a se repetiram os sons, criando-se assim um efeito de ostinato.
Serialismo Total
Em 1949, a altura, a duração, a dinâmica e o toque da série de doze elementos são inteiramente controlados
pelos princípios serialistas de Schoenberg. Boulez foi o primeiro a usar o serialismo total em suas "Structures I", para dois pianos. Stockhausen chegou à conclusão de que qualquer aspecto do som poderia ser controlado pelos procedimentos seriais.
Música Aleatória
A música aleatória procura maior liberdade, jogando com certo grau de imprevisibilidade e de sorte, tanto no
processo da composição, quanto durante a execução da obra, ou em ambos os momentos. A altura das notas pode ser indicada, mas não sua duração, ou vice-versa. Também se pode pedir que ele contribua com algumas notas de sua escolha, tocadas de improviso. Em algumas peças, nem mesmo as notas são fornecidas: apenas uma série de símbolos, um desenho, ou nada mais que uma idéia, tudo para ser livremente interpretado. Stockhausen levou a música aleatória a um ponto extremo com aquilo que chamou de "música intuitiva". Em maio de 1968, ele se isolou por sete dias, sem comer, apenas mergulhado em profunda meditação.

ROY BENNETT - Jorge Zahar Editor

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