Simonton Rios
Música Brasileira
Parte 3
Ao contrário dos anos 90, em que a sociedade se manteve fiel aos mesmos gêneros musicais, os ritmos e a forma de se ouvir música influenciaram bastante durante a década, e ainda continuam a evoluir. Os cds acabaram perdendo a popularidade com o lançamento dos MP3 players como o: iPod, tornando-se cada vez mais frequente se adquirir música a partir de downloads e redes sociais. Apesar disso, a década marcou também a volta de mídias antigas, como em 2008, em que as vendas de disco de vinil aumentaram, cerca de 1,9 milhões de unidades foram vendidas, sendo mais do que qualquer ano desde 1991. A utilização da internet aumentou muito, a medida que os anos se passavam durante a década de 2000. No entanto, esse aumento acabou causando a popularização dos downloads ilegais de músicas protegidas por direitos autorais, causando uma certa tensão entre a indústria musical e o público, gerando dúvidas sobre a popularidade das músicas nas paradas de sucesso.
No Brasil, o R&B americano e o pop rock é dominante nas rádios populares das grandes cidades. Porém, existem diversos movimentos populares que acabou popularizando novos ritmos ao longo da década como o forró universitário, forró eletrônico e o funk carioca, além de diversos ritmos e artistas estrangeiros virarem febre entre os jovens dentre eles está em destaque o grupo mexicano RBD que se tornou fenômeno entre jovens e adolescentes entre 2005 e 2008 .
No começo da década artistas pop como: Kelly Key, Rouge, Br'oz, Latino e Luka atingiram seu auge, perdendo posteriormente popularidade no meio para o fim da década.
O maior grupo brasileiro da década foi o Rouge. O girl group brasileiro foi formado em 2002, por meio do reality show "Popstars", transmitido pelo canal de televisão brasileira SBT, integrado por 5 garotas: Aline Wirley, Fantine Thó, Karin Hils, Luciana Andrade e Patrícia Lissa, até Andrade anunciar sua saída do grupo em uma coletiva de imprensa no começo do ano de 2004. O primeiro disco do grupo, Rouge (2002), atingiu a incrível marca de 2 milhões de cópias apenas no Brasil. O sucesso do álbum ficou marcado pelas canções: "Não Dá pra Resistir", "Beijo Molhado" e "Ragatanga", a canção mais famosa do grupo e uma das mais relembradas dos anos 2000. O segundo álbum de estúdio, C'est La Vie (2003), vendeu cerca de 250 mil cópias, e apresentou os hits: "Brilha la Luna" e "Um Anjo Veio me Falar". Após a saída de Luciana, as quatro integrantes restantes continuaram e lançaram os dois últimos álbuns do grupo: Blá Blá Blá (2004) e Mil e Uma Noites (2005).
O samba de raiz volta aos holofotes em trabalhos de artistas como Roberta Sá,Diogo Nogueira (filho de João Nogueira), Teresa Cristina e o Grupo Semente e Casuarina.
O samba-rock vive um revival, representado por artistas como Clube do Balanço, Paula Lima e o Funk Como Le Gusta.
A gravador Trama de João Marcelo Bôscoli (filho de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli) lança álbuns de outros filhos músicos da MPB: Pedro Mariano (filho de Elis Regina e César Camargo Mariano), Wilson Simoninha e Max de Castro (filhos de Wilson Simonal), Jair Oliveira e Luciana Mello (filhos de Jair Rodrigues), que além dos álbuns solos, juntam no projeto Artistas Reunidos.
Dentro da música eletrônica, surge o drum and bossa, um misto de samba, drum and bass e bossa nova, representado pelos artistas Fernanda Porto, Kaleidoscópio e os DJs Ramilson Maia, Marky e Patife.
Também no começo da década, Marisa Monte lançou poucos trabalhos, apenas 3 álbuns de estúdio e um em grupo (Tribalistas), que atingiram a marca de 1,800 milhão de cópias vendidas no Brasil. Ela participou do trio Tribalistas, junto com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, que atingiram a marca de 1,5 milhão de discos vendidos no Brasil, e caso seja somado às vendas no exterior, o trabalho totaliza 2,500 milhão de exemplares vendidos. No final desta década, Marisa Monte atingiu a marca 5,850 milhões de CDs e DVDs vendidos no Brasil e 10 milhões no mundo inteiro, sendo a cantora de MPB que mais vendeu discos no planeta.
Surge a sensação da MPB, Maria Rita, conhecida também por ser filha de Elis Regina. Já no disco de estréia, foi posta pela mídia como a grande revelação musical do momento, alcançando a marca de 1 milhão cópias vendidas apenas no Brasil, e ainda lançou mais dois discos de sucesso durante a década, e ganhou seis Grammys Latinos.
A banda de pop/rock Kid Abelha ( banda que mais vendeu discos no país durante as décadas de 1980 e 1990) lançou três álbuns de estúdio, mais sua carreira chega no auge com Acústico MTV, que foi gravado para comemorar os 20 anos de existência do grupo, e são o único grupo a ter 20 singles em 1º lugar em todas rádios brasileiras, e 13 singles no Top 10.
Sandy & Junior, a maior dupla de música pop brasileira (quebrando absolutamente vários recordes de vendas nas décadas de 1990 e 2000), em 2006 atingiram a marca 15 milhões de álbuns vendidos somente em território nacional, no entanto em 2007 se separam, após o lançamento do cd "Acústico MTV". Sandy lançou o primeiro disco solo Manuscrito no primeiro ano da década seguinte, vendendo cerca de 50.000 cópias nas duas primeiras semanas de lançamento, ganhando certificado de ouro pela ABPD.
Os ritmos de maior sucesso no país no fim da década de 1990 como: axé e o pagode deram espaço as novas tendências como: o funk carioca, calipso e o forró eletrônico.
Surgem novas bandas de sucesso no fim da década no cenário pop-reggae, e o maior destaque vai para Chimarruts.
Antigas bandas de pop, pop rock, reggae e hardcore voltam/continuam a fazer sucesso como: Natiruts, O Rappa, Skank, Jota Quest e Charlie Brown Jr.
No início e meio da década, artistas de rock alternativo e pop rock faziam um imenso sucesso no Brasil, como: Detonautas, Pitty, CPM 22 e Angra. Posteriormente, bandas formadas no final dos anos 90 e início dos anos 2000, só conseguiram atingir topo das paradas brasileiras no fim da década, como: Fresno, NX Zero e Strike.
Outras bandas de Rock e do Pop dos anos 80 também continuam a ter peso, como: Capital Inicial, Ira!, Roupa Nova e Biquini Cavadão.
No fim da década, com a popularização das raves, o psy trance e o techno tornam-se muito populares entre o público adolescente.
O Funk carioca se torna popular durante toda a década, com artistas que fizeram sucesso na primeira metade da década como: Bonde do Tigrão, Mc Serginho, Tati Quebra-Barraco e DJ Marlboro, e na segunda metade, o cenário funk era comandado por: MC Leozinho, MC Créu, Gaiola das Popozudas e as chamadas Mulheres Fruta. Já no inicio da década seguinte, perderam visibilidade para outros artistas.
O forró e o calipso sofreram uma enorme renovação, trazendo letras com conteúdos que atraem principalmente os jovens e substituindo-se a tradicional sanfona, por guitarras.O celeiro do forró continua sendo o Ceará. Já no norte do país, o destaque ficou com o estouro do calipso, que se separou estilisticamente da lambada e tomou seu próprio rumo na voz da cantora Joelma. As bandas de maior sucesso foram: Banda Calypso (calipso), Companhia do Calypso (calipso), Cavaleiros do Forró (forró), Calcinha Preta (forró) e Aviões do Forró (forró).
O Axé que na década anterior dominava as rádios de todo país, entrou em declínio, se restringindo a Salvador, muitas vezes sendo substituído pela suingueira. Poucos artistas e bandas antigas como: Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Daniela Mercury e Asa de Águia com uma vertente voltada mais para o pop, ainda desfrutaram do sucesso nacional. Cláudia Leitte que fazia parte do grupo Babado Novo, foi a única grande revelação do axé nesta década.
Também no começo dos anos 2000, Daniela Mercury - a Rainha do Axé (que mais vendeu discos na década de 1990), resolveu experimentar novas sonoridades além do puro axé, lançando um cd mesclado com a música Eletrônica. A ideia não agradou bastante seu público fiel. E a partir daí, iniciou-se o declínio em sua carreira, seus dias de glória, ficaram no passado. Sendo assim, seu posto de Rainha do Axé foi ocupado por Ivete Sangalo, que chegou no auge de sua carreira, com disco MTV Ao Vivo - Ivete Sangalo, lançado em 2004, quebrando recordes sequentes de vendas no Brasil.
A chamada nova geração da MPB também fez muito sucesso por toda a década, nomes como: Jorge Vercilo, Ana Carolina, Seu Jorge, Vanessa da Mata, Lenine e Maria Rita toraram-se populares. Alguns veteranos continuaram a fazer sucesso, como: Zeca Pagodinho e Alcione.
A música Sertaneja continuou a representar uma grande parte da música nacional, principalmente nas duplas como Zezé di Camargo e Luciano, Bruno e Marrone e a já antiga mas que só conseguiram explodir quase no final da década Victor & Léo e Luan Santana com o sertanejo universitário.
A música religiosa tornou-se popular também principalmente entre os cristãos como a música gospel com artistas como Aline Barros, Kléber Lucas, Toque no altar, Regis Danese, Oficina G3, e Diante do Trono e a música católica popular com artistas como Adriana, os Padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo, e além de bandas como Anjos de Resgate e Rosa de Saron.
Surge Sambô, banda de "rock-samba" (termo usado para diferenciar do samba-rock), o grupo grava covers de rock e pop em ritmo de samba e pagode.