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Chiquinha Gonzaga

Francisca Edwiges Neves Gonzaga. Nascida no Rio de Janeiro no dia 17 de outubro de 1847 e falecida no Rio de Janeiro no dia 28 de fevereiro de 1935. Compositora, pianista, arranjadora e regente. A primeira maestra brasileira.

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Suas principais composições: "Atraente", "Lua branca", "Corta-jaca", "Yara", "Day-break ainda não morreu", "Plangente", "Sonhando", "Biónne", "Em guarda!", "Dança brasileira", "Amapá", "Lo T'amo", "Laurita", "Sultana".

Filha de um jovem oficial de uma família de tradição militar, José Basileu Neves Gonzaga, e de uma filha de escravos alforriada na pia batismal, Rosa de Lima Maria. 

Francisca Edwiges recebeu esse nome por ser a mesma da santa em que os pais rezavam para preservar a vida da filha, pois nascera de complicações no parto que colocaram a criança em risco.

Como a família residia na freguesia de Santana, área próxima ao Centro do Rio, onde se encontrava a Praça Onze, o primeiro ponto de desfile das escolas, berço do samba; já entrara para a história da música da cidade.

Para educar Francisca - a primeira que parece ter vingado, já que nunca se falou dos dois primeiros - José Basileu contrata Trindade para as áreas de leitura, cálculo e catecismo; para as lições de piano foram dadas pelo Maestro Lobo.

Em meados do século XVIII o Rio de Janeiro foi apelidado como "Cidade dos Pianos" pelo escritor Araújo Porto Alegre, pela profusão do instrumento na época.

O tio paterno de Chiquinha, Antônio Eliseu, tocava flauta e animava as festas familiares, a apoiou em uma noite de Natal de 1858, com apenas onze anos, a estrear sua primeira composição "Canção dos pastores", que tinha versos do irmão dois anos mais novo, Juca.

O objetivo prático de se educar uma menina naquela época era o de arranjar um bom casamento e assim foi com Chiquinha, no momento com 16 anos; não se tem notícia de envolvimento de Chiquinha na escolha do noivo, Jacinto Ribeiro do Amaral, com 24 anos, filho de um comendador já falecido e negociante bem-sucedido.

Depois de dois filhos o marido, em plena Guerra do Paraguai, ele comandante e Chiquinha desesperada para não se afastar da música, a deu um violão a bordo do navio rumo ao sul, mas o desfecho não foi outro; Jacinto dá o ultimato: ou ele ou a música, e a resposta de Chiquinha foi essa: "Pois, senhor meu marido, eu não entendo a vida sem harmonia". Assim Chiquinha dá um passo definitivo para se tornar mais que uma musicista, mas também, um vulto de nossa história.

Antes porém de se separar do marido e dos filhos e fazer da música seu sustento, Chiquinha foi surpreendida pela terceira gravidez. Voltou a viver com Jacinto por um tempo. Com o nascimento do filho e a separação logo em seguida, sua família a renega, com o pai declarando-a morta e seu nome impronunciável. 

Aos 23 anos de idade, Chiquinha conheceu João Batista Carvalho, engenheiro que trabalhava com estradas de ferro, aceitando então a viver com ele nos acampamentos de construção da estrada de ferro Mogiana, no interior de Minas.

Em 1875, retornaram ao Rio e assumiram abertamente essa união, até porque estavam prestes a ter um filho.

Chiquinha fez de tudo no movimento "Confederação Libertadora" criada por José do Patrocínio, e esteve presente até na subscrição popular que financiou a doação da pena de ouro com que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Fora o aspecto humanista, a participação no movimento ajudou na aceitação social de Chiquinha.

A conquista do reconhecimento como maestrina teve um sabor especial para Chiquinha e lhe abriu um campo de trabalho a que ela se atirou por inteiro, em pouco tempo um espetáculo com música de Francisca Gonzaga era garantia de casa cheia.

A vida profissional parecia de vento em popa, mas Chiquinha não convivia mais com nenhum de seus quatro filhos, que foram criados pelos pais e por avós e tios. Seu pai morreu sem perdoá-la, sua mãe só se reaproximou depois da morte do marido. Sem a proteção da família, Chiquinha procurou no meio artístico quem lhe pudesse proteger e prestigiar, foi o caso do consagrado compositor Carlos Gomes.

Apareceu então o "Corta-jaca", um grande sucesso de Chiquinha que até hoje está entre o repertório mais usual das rodas de choro.

Nos últimos anos de sua longa trajetória Chiquinha recebeu inúmeras homenagens e frequentava a SBAT - Sociedade Brasileira de Autores Teatrais - diariamente, onde dava conselhos e opiniões aos autores mais jovens. Escreveu em 1933 sua última opereta, "Maria", totalizando 77 trabalhos para teatro, uma marca difícil de ser igualada. Recolheu-se ao apartamento na Praça Tiradentes, onde só João Batista tinha acesso. Ele cuidou dela até o fim da tarde de 28 de fevereiro de 1935. Aos 88 anos de uma vida de lutas majoritariamente vitoriosas, morreu Chiquinha Gonzaga. 

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