Paulo Vanzolini

Não se considera cantor, músico e tampouco compositor. 

Formado em Zoologia em Harvard.

Para Martinho da Vila, seu amigo, ele não tem ritmo algum.

Para Paulinho Nogueira, ele é o único músico do mundo que não sabe a diferença entre tom maior e tom menor.

Vanzolini, que nunca tocou um instrumento na vida, concorda inteiramente.

Mas o que faz ele ser considerado, ao lado de Adoniran Barbosa, o grande nome do samba paulista?

A explicação está justamente em seu descompromisso com a música, que fez dele um compositor rigoroso, que não faz concessões.

Nascido em São Paulo, mas morou parte de sua infância no Rio de Janeiro, para onde o pai, Alberto Vanzolini, engenheiro, havia se mudado com a missão de ajudar na construção do prédio do Instituto de Educação, na Tijuca.

Mesmo reverenciado, foi perdendo o interesse pela música no mesmo ritmo em que morriam os seus grandes e amigos parceiros.

Em 2003, quando a gravadora Biscoito Fino decidiu organizar e lançar uma antologia com 52 sambas de Paulo Vanzolini, batizada de "Acerto de Contas", o velho e bom compositor, beirando os oitenta anos, já transformado em um dos maiores zoólogos da história brasileira, fez apenas uma exigência: "No projeto só entra amigo meu. Se não for assim, nada feito".

​“Quando Deus me fez zoólogo sabia o que estava fazendo”, costumava dizer Paulo Emílio Vanzolini, que morreu no dia 28 de abril, aos 89 anos, acometido por pneumonia.