Lupicínio Rodrigues

Quarto entre polifônicos 21 irmãos, o menino veio ao mundo num bairro-ilha portoalegrense chamado Ilhota. Passou a infância ajudando em casa como vendedor ambulante, mandalete (o boy da época) ou operário. O primeiro filho homem, a criança mais mimada da família.

Dona Bêga lavava para fora e Seu Francisco trabalhava na portaria da Escola de Comércio.

O pai de Lupicínio cresceu como agregado do desembargador André da Rocha, que lhe pagou os estudos e conseguiu lhe emprego. Por isso Lupi também estudou em bons colégios.

Aos 12 anos completou o primário, já fazendo música e jogando bola. Preocupado, o pai o matricula num curso profissionalizante de mecânico, de onde ele sai aprendiz numa oficina de bondes. O problema é que já era bom de bola, de copo, de samba, e de boemia.

Já ganhava uns trocos como cantor da Bandinha Furiosa, formada por músicos que tinham, todos, pelo menos 20 anos mais que ele.

Suas obras passam-se a serem espalhadas de boca em boca pelos marinheiros de sua época.

Um texto da Revista do Globo fica na história, começa assim: "Lupicínio Rodrigues é pouco conhecido pessoalmente, mas seu nome é murmurado todas as noites nos microfones, nas rodas de cafés, nos quartos de estudantes e até mesmo nos meios sociais de Porto Alegre (...). Vive o apogeu de sua glória como sambista, e, fazer samba aqui no Sul, conseguindo transpor as fronteiras até a terra carioca, é uma façanha".

Morre de insuficiência cardíaca internado na Unidade de Tratamento Coronário do Hospital Ernesto Dornelles. Foi velado no Estádio Olímpico do Grêmio. 

A partir de sua morte, foi sendo gravadas versões que revela mais algumas das sutilezas melódicas de um curioso compositor popular que não tocava nenhum instrumento além de caixa de fósforos, mas que criava maravilhosas sinuosas canções.

​